30.8.06
Comissão da ONG entrega em mãos Carta Aberta aos candidatos ao governo Cássio Cunha Lima e José Targino Maranhão.
Uma comissão da ONG Confiantes no Futuro de Apoio aos portadores de Hapatites e Transplantados de Fígado entregou na data de hoje (30/08/06), uma carta aberta aos candidatos ao governo do estado da Paraíba: Cássio da Cunha Lima e José Targino Maranhão.
Os representantes da ONG: Clarice Pires, Yara Fontes, José Reginaldo de Moura, Carlos Fernando, Candido Pessoa e Waldir Pedrosa Amorim foram recebidos na Granja Santana pelo governador Cássio da Cunha Lima e em sua residencia pelo senador José Targino Maranhão, oportunidade em que expuseram a grave situação das hepatites no Brasil e no âmbito estadual e solicitaram o compromisso com a causa.
A mesma carta será entregue à partir de amanhã aos candidatos: Carlos David de Carvalho Lobão, Francisco Carlos Firmino de Sousa, Hélio Jorge Chaves, Maria de Lourdes Sarmento, Marinesio Ferreira da Silva.
Os encontros de hoje foram extremamente proveitosos, na opinião da comissão.
Não fizemos pedidos específicos para esta ou aquela situação apenas, relacionada às hepatites, doença que precisa sair do silêncio imposto pela falta de divulgação e compromisso do setor público. As hepatites matam, invalidam ou levam ao transplante centenas de paraibanos! Nosso enfoque é global e pela definição de uma política abrangente que comtemple: campanhas de prevenção, testes de detecção dos infectados,diagnóstico e tratamento.
VEJA NESTE BLOG A ÍNTEGRA DA CARTA ABERTA
Íntegra da Carta Aberta aos Candidatos ao Governo do estado da Paraíba.
CARTA ABERTA AOS CANDIDATOS AO GOVERNO DO ESTADO DA PARAÍBA
Senhor Candidato,
Em nome dos infectados crônicos com as hepatites B e C no Estado da Paraíba, solicitamos informar, de forma pública, qual será seu programa, para enfrentar este angustiante problema de saúde coletiva no nosso estado, caso seja eleito.
A ausência de uma política específica tem conduzido apenas a um pequeno contingente de seus portadores a terem o diagnóstico e tratamento destas doenças.
No estado da Paraíba, temos cerca de 80 indivíduos em programa de tratamento para a hepatite por vírus C e alguns poucos em tratamento para a hepatite pelo vírus B. Quando de fato sabemos que estes números não expressam a nossa realidade.
Isto significa que pessoas humanas, por não terem sido diagnosticadas e tratadas, morrerão destas temíveis doenças.
A identificação destas duas hepatites, na maior parte das vezes, tem se dado já nas formas graves e avançadas, sendo elevada a mortalidade.
A falta de uma política estadual e nacional de ações preventivas que envolva a vacinação (no caso da hepatite B), campanhas educativas (de divulgação e esclarecimento da população), ações de educação e de vigilância sanitária, destinadas a potenciais elos da cadeia de transmissão da infecção como: profissionais do sexo, manicures, tatuadores, drogadictos, profissionais de saúde (que executam procedimentos pérfuro-cortantes) como: acupunturistas, odontólogos, dermatologistas etc., assim como, a falta de implantação de centros de testagem e de aconselhamento (CTAs) com pessoal capacitado, levam a comunidade a ignorar sua doença ou a se contaminar.
A sub-notificação dos casos, inviabiliza o conhecimento da magnitude do problema no nível estadual, impossibilita as ações epidemiológicas, e impede o planejamento das ações de saúde destinadas ao controle eficaz destas nosologias. Isto redunda na ausência de caracterização dos desafios a serem vencidos. No plano nacional impede-nos de ser capazes de reivindicar e propor projetos junto ao Ministério da Saúde.
As hepatites crônicas B e C evoluem em cirrose hepática, aumentam o risco e a incidência de câncer do fígado (carcinoma hépato-celular), e de complicações como: hemorragia digestiva, varizes no esôfago e estômago, infecções, coma hepático, desorientação (encefalopatia hepática) barriga dágua (ascite), dentre outras complicações.
Estas patologias têm ceifado vidas de cidadãos paraibanos, os tem incapacitado na fase produtiva de suas vidas e até mesmo na infância. Têm absorvido recursos com o tratamento de formas avançadas e graves, aumentado o número de internações hospitalares (de média e alta complexidade) e conduzido seus portadores a morrerem nas filas de transplantes hepáticos ou deles necessitarem.
No país como um todo, dos mais de quatro milhões de infectados pela hepatite C, somente seis mil e quinhentos receberam tratamento pelo SUS no ano de 2005.
Quanto a hepatite B, dos dois milhões de infectados somente 1.030 foram tratados no mesmo período.
Prosseguindo com esta política de tratamento serão necessários mais de mil anos para oferecer tratamento aos atuais infectados.
A maioria das contaminações aconteceu nas décadas de 70 e 80. Diante da historia natural da doença, aproximadamente 25% dos infectados desenvolverão cirrose na próxima década. Mais de um milhão e meio de brasileiros deverão perder sua saúde e/ou morrer.
Não existe uma abordagem consistente para esta questão que não perpasse por ações simultâneas de prevenção, diagnóstico e tratamento.
Para o diagnóstico se carece na maioria dos casos, além dos exames de rotina, de testes que envolvem: a) biologia molecular que o nosso estado possui os equipamentos, mas não dispõe de kits para sua execução. b) biopsia hepática e exame histopatológico, sempre difíceis de serem conseguidos, por não possuirmos um bom centro de referência para o tratamento das hepatites, faltar agulhas para biópsia e pela escassez de patologistas treinados para este fim.
Para o tratamento vive-se em sobressalto com a possibilidade dos medicamentos faltarem, não sendo raros os casos de sua falta ocasional ou duradoura, período em que os portadores interrompem seus tratamentos, com sérias repercussões sobre sua eficácia. Os fornecedores de medicamentos, via de regra não estão sendo ressarcidos, sob a alegação de falta de verbas nos cofres estaduais para a contrapartida de seu financiamento com o Ministério da Saúde. Existem estados brasileiros que estão sem medicamentos.
Os preços praticados pelos fornecedores são díspares de estado para estado, ocorrendo em alguns casos pagamento de valores acima dos preços de mercado, com gastos para o erário público além do esperado. Fruto de políticas irresponsáveis com a coisa pública.
No caso da hepatite B, apesar de reconhecida a possibilidade de mutação viral (um tipo de resistência do vírus à droga) se dispõe de uma única droga para uso oral, e ainda não se disponibilizou drogas já aprovadas pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) que são necessárias para o tratamento deste tipo de situação.
Apesar de previsto pela portaria 2080 de 31/10/03 que criou o Programa Nacional de Hepatites Virais (PNHV), só em 15 de setembro de 2005 foi finalmente criado o Comitê Técnico de Acompanhamento Epidemiológico, Prevenção, Controle e Assistência das Hepatites Virais no âmbito do Estado da Paraíba. Embora louvável, a sua tardia, porém concreta constituição, este carece de efetivo apoio, de infra-estrutura e de facilidade em seus canais de comunicação com a secretaria estadual de saúde, com o governo do estado e com os municípios, para que desempenhe plenamente sua função.
Necessita-se de um efetivo Programa Estadual de Hepatites Virais (atualmente inexistente) que possa atuar voltado para as nossas peculiaridades estaduais. Para tal é preciso um planejamento orçamentário que garanta a sobrevivência das ações deste programa, caso desejemos enfrentá-lo coerentemente.
Entendemos como outras organizações nacionais de portadores de hepatites que: declarar as hepatites uma ação estratégica do governo, conseguindo recursos do Tesouro Nacional, centralizando as compras dos medicamentos e desonerando os estados de qualquer despesa com os insumos, venha a ser uma postura digna e correta a ser implementada.
Propugnamos para que os senhores governadores eleitos pelo povo, se comprometam em fazer destas questões, planos de ação a serem incorporados e defendidos com os demais governadores e representantes do poder legislativo de nossa nação.
Desejamos, nesta ocasião, expressar a nossa confiança na sensibilidade aos reclamos que aqui emitimos. Estes se endereçam ao enfrentamento de uma grave situação, que necessita ser urgentemente reparada e que exige que os senhores se posicionem sobre quais medidas serão adotadas.
Aguardamos vosso posicionamento que será enviado a nossos associados, membros da nossa lista de hepatites, aos mais de 21.000 associados das ONGs congêneres nacionais e a mídia em geral.
João Pessoa 30 de agosto de 2006
Waldir Pedrosa Dias de Amorim
Presidente da ONG Confiantes no Futuro de Apoio a Portadores de Hepatites e Transplantados de Fígado
27.8.06
FOLHA ONLINE
27/08/2006 - 19h42
Morre Dom Luciano Mendes de Almeida, arcebispo de Mariana
Morreu neste domingo dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, 75, arcebispo de Mariana (MG), em decorrência de falência múltipla de órgãos.
Dom Luciano estava internado no Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da USP, desde o dia 17 de julho, para tratar de um câncer no fígado. Ele foi transferido para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva), onde permaneceu em estado grave, sedado e respirando com a ajuda de aparelhos.
No Hospital das Clínicas, Dom Luciano tratava de um tumor provocado por uma recidiva do câncer desenvolvido há dois anos. Em 2004, submeteu-se a uma cirurgia no fígado para retirada do tecido doente. Ele havia contraído hepatite C há cerca de cinco anos, devido a uma transfusão. Em alguns casos, o câncer de fígado aparece como uma das complicações da hepatite C.
Presidiu a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) de 1987 a 1994, tendo sido também secretário-geral de 1979 a 1987. Foi vice-presidente do Celam (Conselho Episcopal Latino-Americano)de 1995 a 1998.
Dom Luciano escrevia uma coluna publicada aos sábados na Folha de S.Paulo. Natural do Rio de Janeiro, entrou para a ordem religiosa de Santo Inácio (dos jesuítas) e doutorou-se em Filosofia em 1965. Foi sagrado bispo em maio de 1976, e trabalhou na Arquidiocese de São Paulo, deste ano até 1988.
Na arquidiocese de São Paulo, auxiliou Dom Evaristo Arns e organizou abrigos para menores abandonados. Em Minas Gerais, não interrompeu seu trabalho social e dedicou seus últimos anos a percorrer hospitais para socorrer os necessitados.
A CNBB informou que o corpo será velado na Catedral da Sé, em São Paulo. Amanhã, às 9h, haverá a missa de corpo presente, também na Sé, presidida pelo Cardeal Dom Cláudio Hummes. O funeral segue para Belo Horizonte e depois, para Mariana, onde o corpo será sepultado na Catedral Nossa Senhora Assunção.
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