15.1.07

Entendendo os diversos tipos de hepatite


Entendendo os diversos tipos de hepatite (I)

Hepatite é um termo genérico que significa inflamação no fígado, podendo ter várias causas. As hepatites virais podem ser provocadas por vírus que atingem especificamente o fígado, como os vírus A, B, C, D ou Delta, E, F e G. Há também viroses como a mononucleose, varicela, herpes, citomegalovírus, dengue (entre outras) capazes de provocar hepatite, fazendo parte de outro processo.
A hepatite A é uma doença aguda, transmitida pela ingestão de água ou alimentos contaminados (oral-fecal). Geralmente manifesta-se por icterícia (pele e mucosas amareladas), urina escura, febre, dores no corpo. Raramente é grave e o tratamento é sintomático. Para prevenção, além dos cuidados com a higiene da água e alimentos, existe a vacinação.
A transmissão da hepatite B ocorre através do contato direto com sangue contaminado (transfusões, compartilhamento de seringas ou outros instrumentos entre usuários de drogas). Ocorre por via sexual (sêmen) e por outras secreções orgânicas. Há transmissão vertical (da mãe infectada para o recém-nascido). Pode tornar-se crônica, e evoluir para cirrose e câncer de fígado. Para prevenção, evitar o contato direto com sangue, ter relações sexuais com preservativo e vacinar-se.
A hepatite C é transmitida pelo sangue contaminado, ou seja, através de transfusões, piercings, compartilhamento de seringas e de canudinhos de aspiração de cocaína por usuários de drogas, de aparelhos de barbear, de escova de dentes; procedimentos com instrumentos contaminados (cirurgias, tratamentos dentários, acupuntura, tatuagens, manicure). Há transmissão perinatal e a transmissão sexual é controversa. Na maioria dos infectados, torna-se crônica, podendo evoluir para a cirrose e o câncer de fígado. A prevenção é evitar contato direto com sangue. Infelizmente não há ainda vacinação contra a hepatite C.
É importante saber que, desde 1990, os bancos de sangue passaram a testar os pré-doadores de sangue, e também que as hepatites B e C podem transcorrer sem sintomas. Assim, os transfundidos antes de 1990 ou com algum contato ou comportamento de risco, devem, mesmo assintomáticos, realizar testagem no sangue para saber se foram contaminados e, caso sejam portadores de hepatite B e/ou C, estadiar a doença para saber se devem ser tratados.
Entendendo os diversos tipos de hepatite II

As hepatites virais, abordadas na coluna anterior, têm grande importância, sobretudo as formas crônicas, pois a cirrose hepática pelo vírus da hepatite C é, atualmente, a principal causa de transplante de fígado em adultos, sendo o vírus B também causador de cirrose e câncer de fígado (hepatocarcinoma). Há várias outras causas de inflamação hepática (hepatite) não relacionadas aos vírus.
A doença hepática alcoólica é provocada pelo consumo excessivo do etanol. Seus efeitos tóxicos dependem da quantidade e tempo de ingestão. Pode ocorrer hepatite aguda, hepatite crônica, cirrose hepática. A esteatose (depósito de gordura nas células hepáticas) e a esteatohepatite fazem parte do espectro da doença hepática provocada pelo álcool. A cirrose alcoólica também pode evoluir para o câncer de fígado.
A doença hepática gordurosa não alcoólica tem causas metabólicas e engloba a esteatose (não alcoólica), a esteatohepatite, que pode também progredir para a cirrose hepática.A hepatite medicamentosa ou tóxica deve-se a agentes agressores (alguns medicamentos, substâncias tóxicas, drogas ilícitas e até ervas medicinais). Compreende desde mínimas alterações nas enzimas hepáticas (ALT, AST, GGT, FA), até insuficiência ou falência hepática aguda, que pode necessitar de transplante hepático. Embora a hepatite tóxica se deva às vezes a reações alérgicas individuais, indivíduos com alguma condição hepática anormal devem ser avaliados antes de usarem certos medicamentos.
A hepatite auto-imune é uma inflamação de causa incerta (presume-se que a causa seja auto-imune), tem várias manifestações, acomete mais as mulheres e freqüentemente se torna crônica. Às vezes, é de difícil diagnóstico e associa-se a outras condições que alteram a imunidade.
Observa-se, pois, a complexidade do termo hepatite. Em muitas dessas condições não há aqueles sintomas classicamente associados a hepatite (icterícia, urina escura, etc), necessitando de avaliações clínico-laboratoriais mais apuradas ou até mesmo de biópsia hepática para o diagnóstico e tratamento corretos, seja com o objetivo de cura, ou de impedir a progressão para formas mais graves.

Dra. Maria de Fátima Duques de Amorim CRM 2638

Os perigos da tatuagem

Jornal O Norte 14/01/2007
Pela proposta da Anvisa que está sendo colocada em consulta pública, tintas e equipamentos vão precisar de registro como produtos de saúde
As tatuagens nunca saem da moda e sempre conquistam novos adeptos, com seus traços e cores, símbolos de rebeldia, contestação e sensualidade ou, simplesmente, como um adereço para a pele. Para garantir as condições de higiene, a saúde e a segurança de quem está disposto a fazer tatuagens ou maquiagens definitivas, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) colocou em consulta pública uma proposta para regular a fabricação, comercialização e importação dos produtos utilizados nestas técnicas. Pela proposta, tintas e equipamentos para tatuagens e maquiagens permanentes deverão ter registro na Anvisa.
A proposta permanecerá em consulta pública até o dia 20 de dezembro. Acessando o site da agência (www.anvisa.gov.br), profissionais de saúde, autoridades, tatuadores, maquiadores e a sociedade em geral poderão opinar sobre o texto. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária espera que as novas regras entrem em vigor até a primeira metade de 2007. A partir daí, fabricantes e importadores terão 180 dias para se adaptarem às mudanças, que virão para complementar e auxiliar o trabalho de fiscalização já desenvolvido pelas vigilâncias estaduais.
E MAIS
Com o registro do material usado em salões de tatuagens e maquiagens como produtos de saúde, a Anvisa espera aumentar a qualidade desses produtos, o que trará conseqüências positivas para os serviços. Segundo o gerente de Tecnologia de Materiais de Uso em Saúde da Anvisa, Walfredo Calmon, a partir do registro na agência será possível criar um banco de dados sobre os produtos usados nos estúdios, as substâncias utilizadas na fabricação dos pigmentos e quem são seus fabricantes. Com informações mais precisas sobre a fabricação e todas as substâncias contidas nas tintas, o nível do serviço prestado à população deve melhorar, não apenas no que diz respeito à segurança, mas também sobre a eficácia do material, afirma Walfredo Calmon. Pela proposta, as embalagens das tintas deverão não só dizer quais as substâncias contidas, mas, também, o prazo de validade e de uso após a abertura.
Condição inadequada para a conservação
A falta de condições adequadas de higiene e conservação de equipamentos nestes estúdios pode representar riscos para a saúde dos clientes. Um deles, por exemplo, é o de disseminação de vírus e até contaminação por doenças como aids e hepatites, transmissíveis por agulhas contaminadas. A presença de determinados materiais nas tintas, como o chumbo e alguns tipos de solventes, também oferece riscos, como a possibilidade de surgimento de tumores cancerígenos e de alergias. Queremos impedir que materiais altamente tóxicos e capazes de prejudicar a saúde dos clientes desses estúdios sejam utilizados pelos fabricantes, diz o gerente.
Um dos objetivos de propor novas regras para funcionamento dos estúdios de tatuagem e maquiagem em consulta pública é ouvir sugestões dos profissionais da área para melhorar a qualidade e a segurança dos processos. Para o tatuador Rogelio Santiago Paz Netto, de 45 anos, as novas regras podem contribuir para aumentar a segurança dos clientes e diminuir o preconceito que existe em relação à sua profissão, ainda não regulamentada. Todo tatuador deve ter a consciência de que não é apenas um artista; deve ser também um profissional ligado à saúde, afirma.
Estado e municípios vão fazer fiscalização
A função de fiscalizar os serviços oferecidos por estúdios de tatuagens e maquiagens é dos órgãos de vigilância sanitária estaduais e municipais. Os estabelecimentos que não se enquadram nas regras são multados e perdem o alvará de funcionamento. A primeira medida recomendada aos interessados em fazer tatuagem e maquiagem definitiva é procurar saber se o estabelecimento possui alvará e se está registrado junto à Anvisa, aconselha Maria das Graças.
Quem pretende fazer uma tatuagem precisa verificar principalmente as condições de higiene do estúdio. O ambiente tem de ser limpo, bem ventilado e livre de contaminações externas. É imprescindível que o profissional use luvas descartáveis, óculos ou máscaras de proteção. As agulhas também devem ser descartáveis para evitar o contágio de doenças como a aids e as hepatites. O ideal é que o tatuador abra a embalagem das agulhas na frente do cliente, para mostrar que o material está em ordem, afirma a gerente de Fiscalização da Vigilância Sanitária.
Regras para quem faz maquiagem
Para as pessoas que querem fazer maquiagem definitiva, as regras são semelhantes. No entanto, é importante verificar se o profissional possui um certificado que comprove sua qualificação técnica. Também se recomenda verificar se são de cores claras as roupas do profissional, por questões de higiene, e as condições do local onde será feita a maquiagem.
Os órgãos de vigilância sanitária desaconselham as pessoas a fazerem tatuagens com ambulantes, nas ruas, o que é muito comum nas grandes cidades brasileiras. Nas ruas, não há segurança para atestar a qualidade do material usado, as condições de saúde e higiene para esta prática não são as ideais e, caso haja algum problema, será mais difícil identificar e responsabilizar o tatuador. Esses órgãos também alertam que menores de idade só podem fazer tatuagens se estiverem acompanhados dos pais ou responsáveis.
SERVIÇO
O texto das novas regras foi publicado no site da Anvisa para ser consultado por profissionais da área e toda a sociedade interessada.
Todos podem enviar sugestões para o site www.anvisa.gov.br até o dia 20 de dezembro ou para o seguinte endereço: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gerência-Geral de Tecnologia de Produtos para Saúde, SEPN 515, Bloco B, Ed. Ômega, Asa Norte, CEP 70.770-502 Brasília 150 DF. Também podem ser enviadas pelo fax (061) 3448-1058 ou por e-mail para tecnologia.produtos@anvisa.gov.br.