Flávio Gikovate retoma o tema da felicidade com novo vigor e sabedoria.
Em um livro claro e bem conduzido, aponta os tipos de felicidade, suas armadilhas, as bases para as alegrias da vida que levam ao bem-estar. Sua originalidade é completada com uma análise sobre o grande vilão: o medo da felicidade. Por que temos a sensação de que a felicidade tem dia e hora para acabar? Por que não conseguimos viver plenamente os momentos felizes? Será que temos embutido em nós um demônio para garantir nosso quinhão de infelicidade? Se ele existe, como eliminá-lo? O médico psicoterapeuta Flávio
Gikovate se debruçou sobre o tema da felicidade para responder essas questões. O resultado está no livro Dá para ser feliz...apesar do medo (224 pp., R$ 39,90), publicação da MG Editores.
Levando em consideração os principais aspectos da vida – história pessoal, psicologia e contexto social –, o autor trata de padrões de felicidade que estão ao alcance de todos. E alerta: o medo da felicidade é um inimigo interno a ser combatido. A felicidade abordada no livro diz respeito a qualquer cidadão. Por isso, Gikovate a chama de democrática. Ele despreza as alegrias de caráter aristocrático, como beleza, fama e fortuna, que beneficiam poucos e condenam a maioria à infelicidade.
Segundo o psiquiatra, um bom relacionamento amoroso, virtudes de caráter e elevada auto-estima são pré-requisitos para que qualquer um seja feliz. “Muitas pessoas são infelizes porque gostariam de ser mais bonitas, mais altas e magras, mais inteligentes. Outras lamentam a falta de uma vida sexual mais exuberante.
Há quem sonhe com um trabalho mais excitante e glamouroso ou com uma vida livre e descompromissada, sem horários rígidos e sem patrões.
Triste é constatar que elas não fazem quase nada para encaminhar a vida na direção de seus sonhos, uma vez que teriam meios efetivos para tentar concretizá-los”, afirma.
Na concepção do psicoterapeuta, perdemos tempo e energia sofrendo, em imaginação, por situações que, na prática, somos perfeitamente capazes de gerenciar. “O pensamento destrutivo e inútil faz parte do modo de vida de muitas pessoas inteligentes que tentam usar suas potencialidades para se proteger das adversidades em vez de usá-las para aproveitar a vida”, diz.
“Não sabemos brincar na vida, não fomos autorizados a isso. Tudo tem de ser sério e difícil, tratado como desafio, disputa, competição, sendo que para os derrotados sobrará a dramática humilhação, além da rejeição social e afetiva”, explica Gikovate.
“Esse é um dos efeitos da vaidade que toma conta de nós ao longo dos anos da puberdade. Se não tomarmos cuidado, esse sentimento só nos abandonará no leito de morte”, conclui o autor.
Gikovate lembra que a felicidade pode ser perigosa quando implica utopias e expectativas inalcançáveis.
Por isso, não se deve deixar de considerar os possíveis momentos de infelicidade, que são compulsórios e fazem parte da condição humana.
Enfrentar o medo da felicidade é um passo fundamental para viver em paz, afirma o psicoterapeuta.
Ele cita quatro requisitos básicos para vencer o medo:
maturidade emocional, definida como boa tolerância a frustrações e sofrimentos de todo tipo;
maturidade moral, ou seja, a superação do egoísmo original sem se deixar levar depois pela trama dos sentimentos de culpa;
uma razoável saúde física;
uma atividade profissional capaz de nos entreter e de nos prover das condições materiais necessárias para uma vida digna e confortável.
A maturidade emocional é que garantirá a capacidade de lidar com a aceitação, evitando o sofrimento extra com o rancor e a mágoa.
Assumir uma postura construtiva e útil diante da vida também é muito mais compensador. Isso significa evitar o desgaste com situações hipotéticas, minimizando a chance de sofrer.
O autor
Flávio Gikovate é médico formado pela USP em 1966.
O livro
Título: Dá para ser feliz...apesar do medo
Autor: Flávio Gikovate
Editora: MG Editores
Preço: R$ 39,90 Páginas: 224
ISBN: 978-85-7255-049-9
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